A morte de George Floyd foi apenas uma confirmação da mentalidade preconceituosa enraizada em âmbito mundial. George era um cidadão de 46 anos, que vivia em Minneapolis, Minnesota, nos Estados Unidos. O ocorrido durou apenas 30 minutos e começou com a insinuação de uma nota de dinheiro falsa, mas acabou em uma tragédia.
O mal entendido tomou proporções muito maiores, pois Floyd acabou sendo morto por um policial branco, Derek Chauvin, que o sufocou usando o joelho, pressionando seu pescoço durante cerca de 8 minutos. O policial foi preso e acusado de homicídio, mas nada justificou o assassinato de George, julgado e morto por causa de sua cor.
O racismo é um preconceito que surgiu há muito tempo, e apesar de todo avanço social e a inclusão desenvolvida em todo o mundo, o pensamento em relação a isso ainda é extremamente retrógrado, e chega a ser desumano. Esse crime foi tão aprofundado em nosso meio que até mesmo a cultura foi mudada; artistas e intelectuais célebres passaram por um “esbranquiçamento”, o que gerou uma construção errada da imagem dessas personalidades.
Nesse artigo, selecionamos alguns artistas e suas construções artísticas e intelectuais, sendo todos eles negros. Que através desse conteúdo, a mentalidade social seja transformada, e que todos juntos possamos afirmar: #VidasNegrasImportam!
Desmistificação número #1: Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis é um dos grandes nomes da literatura brasileira, considerado por muitos estudiosos dessa área como “o maior nome”, especificamente.
O autor fez parte do período do Romantismo e do Realismo, mas foi nessa última escola da literatura que se destacou. Algumas de suas obras são conhecidas em todas as esferas, já que se tornaram símbolos da cultura brasileira; como Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas, por exemplo.
Machado de Assis viveu entre os anos 1839 e 1908, no Rio de Janeiro. O escritor é conhecido e estudado até hoje devido às suas características singulares, como o uso da metalinguagem, digressões, ironia e o diálogo direto com o leitor. Além disso, suas obras retrataram e criticaram os burgueses daquela época; foram grandes obras verdadeiramente realistas.
Todavia, o equívoco relacionado a esse grande nome foi a sua cor. Ao contrário do que foi construído historicamente, Machado de Assis não era branco; e sim afrodescendente, inclusive filho de escravo alforriado. Com o decorrer do tempo, a imagem do escritor passou por um processo de transformação, já que o seu retrato era pintado modificando a sua cor, e escondendo suas feições afrodescendentes.
Com o intuito de desmitificar isso, uma associação restaurou a imagem de Machado de Assis como negro, e reconstruiu sua imagem, tornando-a real. O objetivo desta restauração foi desfazer a injustiça social cometida na época, valorizando suas origens.
Artista renomado número #2: Lima Barreto
Diferentemente de Machado de Assis, Lima Barreto foi um autor - destaque na literatura brasileira - que deixava explícita sua cor e o orgulho dela. O escritor fez parte do período pré-modernista, e teve grande influência para a Semana da Arte Moderna. Para muitos, ele foi uma das grandes revoluções no âmbito étnico e na luta pelo direito dos negros, já que a segregação racial era muito forte e recorrente naquela época.
Lima viveu no Rio de Janeiro, durante os anos 1900. Como descendente de escravos e pertencente a uma família extremamente pobre, o autor passou por diversos episódios caracterizados pelo preconceito.
Após ser apadrinhado pelo Visconde de Ouro Preto, Lima Barreto passou a ter uma ótima educação, e inclusive cursou ensino superior. Foi durante o desenvolvimento dessa vida intelectual que escreveu os seus livros, todos caracterizados pelas críticas bem construídas e os comentários revolucionários.
Algumas de suas obras de destaque foram: Triste fim de Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos.
“Mulher, pobre e negra” - Uma crítica à desigualdade social
A última obra mencionada - Clara dos Anjos - é até hoje um ícone da cultura brasileira, já que Clara - a protagonista - é uma mulher pobre e negra. O estilo de escrita de Lima foi reconhecido como singular, e com muita razão, já que o perfil do narrador (em 3° pessoa, mas onisciente) é “intruso”, e traz reflexões alternadas à voz da mulher.
O livro é, resumidamente, uma grande crítica ao modo que a sociedade tratava os negros, bem como uma exposição do machismo exacerbado e a enorme desigualdade social da época. O autor possuía uma grande maestria ao retratar essa realidade pelo fato de que ele passou parcialmente por ela; Barreto fazia constantes menções ao modo como os negros eram tratados durante a primeira república no Brasil.
Apesar disso, o reconhecimento desse escritor continua enorme até hoje e é um dos autores mais renomados do nosso país.
Revolução número #3: A pintura engajada às causas sociais de Firmino Monteiro
Para finalizar, você tem que conhecer a vida e a obra de Firmino Monteiro. O pintor era afrodescendente, e deu início à sua carreira artística um pouco tarde, devido às várias profissões que desempenhou para sobreviver.
Durante o século XIX, período em que viveu, Firmino costumava pintar paisagens e cenários característicos do Rio de Janeiro, e sua construção artística teve grande impacto na cultura brasileira.
Suas obras se tornaram conhecidas pois retrataram a paisagem na qual os negros estavam submetidos, julgados e concentrados nas periferias. Apesar disso, a estética de suas pinturas são incomparáveis, e possuem uma bagagem riquíssima e muito requintada.
Firmino Monteiro finalizou o ano de 1881 recebendo o elogio: “Um dos pintores jovens que mais e melhor tem produzido", pelos principais jornais da época.
Brasil atual: Racismo e preconceito exacerbado
Os crimes contra os negros não estão ocorrendo só no exterior, como no caso de George Floyd; mas também no Brasil.
Como você já deve ter visto, o adolescente brasileiro, João Pedro, foi morto por um tiro de um policial, em São Gonçalo (RJ). O jovem foi atingido na barriga, por um fuzil. A morte do menino gerou uma repercussão muito grande, e seu caso foi aliado a outros em que os negros também foram vítimas de crimes.
É fato que, o descuido e a segregação racial, bem como a mentalidade preconceituosa de boa parte da população, são responsáveis pelo julgamento muito recorrente nos dias atuais.
Por isso, é nossa função transformar esse pensamento e disseminar a importância que TODOS têm, não importa a cor da sua pele. E, mais do que isso, mostrar e divulgar o trabalho intelectual e a cultura desenvolvida pelos negros, nomes de grande destaque na história mundial.
É hora de se unir e mostrar: #VidasNegrasImportam!